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Do sofrimento psíquico a segurança de ser: o potencial transformador da psicoterapia

Atualizado: 18 de out. de 2024

Experimentar-se seguro é vivenciar-se viabilizado, realizando seu desejo de ser num projeto de ser, diante de suas próprias possibilidades. Tenho escrito sobre isto em muitos textos. No entanto, se repito é justamento por tratar-se do centro de processo psicoterapêutico. Afinal, a insegurança de ser constitui-se de infinitas formas, apropriada singularmente em situações e contextos sociais diversos. Eis o potêncial transformador da psicoterapia: viabilizar experimentações que permitam apropriar-se e fazer sua própria história.

             O sofrimento psíquico constitui-se por variadas experimentações singulares. Como você se emociona naquela situação? Você quer comportar-se de uma maneira que não consegue: quais pensamentos e emoções são inviabilizadores? Como certas emoções e pensamentos constituiram-se na forma de você pensar e sentir? Essas três perguntas são apenas exemplos de uma infinidade de questões que poderia-se propor. Através de perguntas gerais como estas o aprodundamento vai ocorrendo e o sofrimento vai se desvelando numa história, ao mesmo tempo, em perspectivas de superação e na experimentação de segurança. O paciente precisará comprender esse movimento de vai e volta, isto é, as suas dimensões sociais e históricas relacionadas ao seu próprio psíquico que não se iguala ao de nenhuma outra pessoa.

               A psciologia existencialista propõe um método desde o início ao fim do processo psicoterapêutico. Propõe também um arsenal teórico composto desde entendimentos espistemológicos e ontológicos até antropológicos e éticos. Tais noções, tanto quanto as noções metodológicas são mobilizadas na sessão de psicoterapia, na compreensão da dinâmica psicológica e na escolha do modo de organizar o processo psicoterapêutico e assim conduzí-lo. Mas, uma sessão de psicoterapia acontece numa relação humana que envonve duas pessoas, cliente e psicoterapêuta. Sempre haverá algo num processo psicoterapêutico que envolve as particularidades desta relação.

     Por meio do vínculo psicoterapêutico, desdobra-se a historicidade do sofrimento psíquico e as possibilidades do paciente em lidar e superar. Muito embora a mediação da psicoterapêuta seja essencial são necessárias outras mediações. Em cada uma das dimensões da existência as mediações são contextualizadas e historicizadas por aspectos universais que determinam o modo de vida material do paciente e atravessam a vida de relações, isto é desde a concepção sobre o amor até a condição de estabelecer uma diálogo ou reflexões. De todo modo, a qualidade das mediações familiares, no trabalho ou de amigos, bem como, da relação amorosa auxiliará na construção da segurança de ser.

          O primeiro passo é compreender as experimentações que fundamentam a insegurança de ser. As situações em que ocorreram e ocorram e as totalizações elaboradas e como se expressam numa práxis. Entre o certo e o provável posso afirmar que é certo que o método psicoterapêutico promove a superação do sofrimento psíquico na medida em que experimentações de segurança tornam-se frequentes. No entanto, cada caso correnponde ao provável, pois estamos no terreno do empírico. Por fim, a escolha por uma psicoterapeuta implica uma fundamentação teórica e metodológica que vem junto com ela. A psicoterapeuta é a pessoa que faz existir tal fundamentação pelas suas atitudes.

            A psicoterapia propõe uma forma de conecção com o outro. Trata-se do vínculo, que define o início deste processo. Afinal,  a psicoterapeuta será uma pessoa para quem o cliente irá revelar suas fragilidades, falará sobre situações das quais gostaria de esquecer ou que são difíceis de lembrar e lidar no presente. Uma mediação entre o paciente e a compreensão da sua situação e as escolhas que tendem a definir o modo como superará seus impasses existenciais, psicológicos e psicopatológicos.

 
 
 

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