Empregabilidade e entrevista de emprego em tempos de crise
- Andréa Luiza da Silveira
- 11 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de abr. de 2024

Estamos passando por uma crise econômica? Tudo indica que sim, tanto no que se refere a economia quanto a política. O aspecto político atinge diretamente os direitos de trabalhadores e trabalhadoras. Isso afeta a empregabilidade, isto é, as possibilidades das pessoas disponibilizarem a sua potência física e intelectual em troca de remuneração que reverte em seu próprio sustento e de seus dependentes. Por isso, pensei em escrever um texto sobre entrevista de emprego, o que fazer e não desanimar.
O primeiro ponto é identificar o que você faz bem e gosta de fazer, em vez de procurar qualquer atividade em pleno desespero. Caso você trabalhe em uma atividade qualquer para poder suprir suas necessidades imediatas, considere como transitório. Mantenha-se, na medida de suas possibilidades, informado(a) e preparado(a) para participar de processos seletivos ou concursos cujas vagas lhe interessam.
O segundo ponto é identificar no que e em que local você gostaria de trabalhar. Pesquise, obtenha informações e escolha. Nada impede que você faça isso. A partir da sua compreensão sobre o local em que deseja trabalhar, prepare-se.
O terceiro ponto é preparar-se para os processos seletivos. Neste último ponto temos alguns desdobramentos, especificamente, questões de ordem psicológica. Isto porque um contexto em que as pessoas perdem direitos e têm poucas condições de lutar para mantê-los, poderá gerar ansiedade, depressão e no mais da vezes, insegurança.
Partimos de um visão de que uma psicopatologia como a ansiedade ou a depressão está alinhada a um contexto, o que chamamos de condições de possibilidade para que ocorra. Portanto, a ansiedade e a depressão que acomete um número expressivo de pessoas deve ser entendida numa situação que encerra as condições de possibilidade. Certamente, para a superação da depressão e da ansiedade é fundamental comprometer-se num processo psicoterapêutico, que envolve compreender sua própria subjetividade. Mas, podemos oferecer neste breve texto, uma singela orientação.
Primeiramente, faz-se importante refletir sobre o contexto. Neste sentido, os(as) responsáveis pelos(as) processos de demissão ou seletivos, alinhados a uma visão individualista de mundo própria deste contexto, culpa a pessoa que trabalha pelo acontecimento. É bastante comum ouvir as trabalhadoras e trabalhadores falarem sobre seu próprio fracasso ao serem demitidos ou por não serem selecionados para uma vaga de emprego. Esta vivência é natural, pois encontram poucos recursos culturais e intelectuais para compreenderem a política que delineia as condutas de gestores(as) de organizações privadas e públicas. Essa individualização do problema pode levar quem trabalha a desqualificar-se ou não entender o que há de errado consigo, experimentando o fracasso.
Por isso é importante que você contextualize a sua situação particular, de sua cidade e seu potência de empregabilidade. Assim você poderá qualificar as suas potencialidades e identificar o que você carece para assumir espaços de trabalho que você deseja e encarar concursos e processos seletivos. Organizar este projeto na linha do tempo, como, por exemplo, considerar seus planos e ações no dia a dia, na semana, no mês e no ano. E avalie suas ações, sempre considerando o contexto e sua própria vivência nele.
As pessoas costumam perguntar o que fazer para passar num processo seletivo? O que dizer numa entrevista? Como fazer os testes? Respondo. Faça o que você considerar adequado, não tente adivinhar. Fale a verdade na entrevista, para não entrar em apuros depois, mas seja positivo, fale de si positivamente, mostrando suas reais qualidades.
Lembre-se que a escolha dos processos seletivos dos quais você irá participar deve compor o seu modo de ser e de viver. Nós nos submetemos ao que não queremos pela sobrevivência? De modo geral sim. Mas antes é preciso termos sido colocados nesta situação de "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come". Procure entender a sua situação.
As entrevistas, podem tomar vários rumos, depende do(a) entrevistador(a) e da estratégia de seleção de pessoas que a organização utiliza para inserir pessoas na sua equipe de trabalho. Então, a não ser que se tenha elementos concretos, não é possível adivinhar perguntas e ensaiar respostas. Então, como estar seguro(a) numa entrevista? Avalie sua trajetória como trabalhador(a), seus conhecimentos na área que quer atuar, pense sobre suas qualidades e com o que já contribuiu e pode contribuir.
Por fim, conheça a organização onde você quer se inserir, reflita se realmente quer trabalhar nela. Se sim, alinhe sua linguagem e organize sua narrativa para que você seja compreendido. Escreve ou faça listas se necessário. No dia da entrevista, durma bem, alimente-se bem, chegue antes do horário para estar calmo(a), vista-se de forma a sentir-se bem e confortável. Bom preparo e boa sorte!